Ronda Rousey faz duras críticas a Vince McMahon na sua autobiografia
Ronda Rousey não esconde o que pensa e fala abertamente no seu novo livro, "Our Fight", que será lançado no dia 4 de abril.
Ronda Rousey foi três vezes Women´s World Champion e saiu da empresa pela segunda vez após o SummerSlam do ano passado. Na sua próxima autobiografia, Rousey abordou vários assuntos, entre os quais: Vince McMahon, a Arábia Saudita e a era das Divas, onde as mulheres tiveram que suportar muitas "tretas sexistas".
Sobre Vince McMahon:
"O NXT foi fundado por Triple H, de seu nome verdadeiro Paul Levesque. Para além de ser o meu némesis na WrestleMania, é, sem dúvida, um dos melhores lutadores da história e uma das melhores pessoas do mundo dos negócios. É casado com Stephanie McMahon, que é filha do imperador Palpatine da WWE, Vince McMahon. Vince assumiu o controlo da empresa o seu pai no início dos anos 1980 e passou a maior parte dos quarenta anos a jogar uma versão do Monopólio no mundo real do Wrestling, comprando e absorvendo promotoras mais pequenas até ser basicamente dono de todas elas.
Por vezes, é difícil saber onde termina a personagem maléfica, pouco ética e desprezível de Vince McMahon interpretada para as câmeras e onde começa o verdadeiro eticamente questionável, várias vezes processado e várias vezes acusado de má conduta sexual, Vince McMahon. Esta linha ténue entre a personagem e a realidade é um tema recorrente no Universo da WWE."
Sobre a Arábia Saudita:
"[Os pay-per-views são] realizados em grandes cidades como Nova Iorque, Los Angeles e Filadélfia, bem como, atualmente duas vezes por ano na Arábia Saudita, uma nação que restringe os direitos das mulheres de uma forma que, tenho a certeza, Vince McMahon gostaria de poder."
Sobre a cultura da WWE:
"A WWE adora fazer segmentos de vídeo bem produzidos sobre o legado das mulheres dentro da organização, mas a verdade é que as mulheres têm sido, em grande parte notas de rodapé. Durante muito tempo, foram relegadas para servir masculinos num papel de valet, com personagens excessivamente sexualizadas que dão golpes baixos quando o árbitro não está a olhar. Com o tempo, à medida que o nível de talento feminino crescia e a sociedade como um todo começou a mudar, a organização expandiu gradualmente o papel das lutadoras.
A WWE autointitula-se como uma organização de Sports Entertainment, tal como na indústria do entretenimento, existia, segundo todos os relatos, uma cultura de casting no sofá, em que homens em posições de poder nos bastidores, pressionavam as lutadoras para obterem favores sexuais em troca de tempo de antena. Houve tantas acusações públicas e escândalos que é difícil manter o registo, e outros mais que tenho a certeza de que a WWE conseguiu varrer para debaixo do ringue.
As mulheres não estavam apenas a ser rebaixadas nos bastidores, mas também nos programas. Até 2007, os "Bra & Panties Matches", em que lutadoras ganhavam o combate despindo a adversária até às cuecas, era algo que acontecia. Mesmo depois de os executivos da WWE terem retirado essa gimmick - de certeza com muita relutância e com muitos lamentos sobre o politicamente correto -, ficou claro que a organização dava mais valor à aparência física de uma mulher do que à sua capacidade física.
A Era das Divas, com o título em forma de borboleta cor-de-rosa, surgiu por volta da mesma altura. E as mulheres, apesar de agora serem retratadas como lutadoras, ainda se esperava que tivessem um determinado aspeto - muita maquilhagem, pouca roupa e mamas enormes. Seria preciso quase mais uma década, anos depois de eu provar que as mulheres poderiam ser uma grande atração nos desportos de combate, para que as mulheres começassem a ter tempo num ringue da WWE (o que os mais ferrenhos apelidam de ringue de wrestling profissional).
E foi só depois de a WWE ter sido basicamente forçada a fazê-lo, após uma reação global nas redes sociais com o #givedivasachance, depois de ter sido dado às Divas um total de trinta segundos - menos tempo do que a maioria das pessoas demora a ler este parágrafo - para um combate de equipas transmitido num programa televisivo.
Quatro mulheres tiveram menos tempo para lutar coletivamente do que todos os homens do roster tiveram só para as suas música de entrada. Apresentada esta informação a uma pessoa alheia ao mundo do wrestling, poder-se-ia chegar à conclusão de que existe uma cultura patriarcal e sexista fundamental dentro da WWE. E terias razão. Não tenho nada a não ser respeito pelas lutadoras que abriram o caminho para as lutadoras de hoje. E nada mais do que repugnância pela quantidade de tretas besteiras sexistas e degradantes a que foram sujeitas."